18 de mai. de 2014

JEJUM - Parte 2 - Extraído do Livro CELEBRAÇÃO DA DISCIPLINA de Richard Foster



Objetivo do Jejum

É sensato reconhecer que a primeira declaração que Jesus fez acerca do jejum tratou da questão de motivos (Mateus 6.16-18). Usar boas coisas para nossos próprios fins é sempre sinal de falsa religião. Quão fácil é tomar algo como o jejum e tentar usá-lo para conseguir que Deus faça o que desejemos. Às vezes se acentuam de tal modo as bênçãos e benefícios do jejum que seríamos tentados a crer que com um pequeno jejum poderíamos ter o mundo, inclusive Deus, comendo de nossas mãos.

O jejum deve sempre concentrar-se em Deus. Deve ser de iniciativa divina e ordenado por Deus. Como a profetisa Ana, precisamos cultuar em jejuns (Lucas 2.37). Todo e qualquer outro propósito deve estar a serviço de Deus. Como no caso daquele grupo apostólico de Antioquia, “servindo ao Senhor” e “jejuando” devem ser ditos de um só fôlego (Atos 13.2). C. H. Spurgeon escreveu: “Nossas temporadas de oração e jejum no Tabernáculo têm sido, na verdade, dias de elevação; nunca a porta do céu esteve mais aberta; nunca nossos corações estiveram mais próximos da Glória central.”
Deus interrogou o povo do tempo de Zacarias: “Quando jejuastes... acaso foi para mim que jejuastes, como efeito para mim?” (Zacarias 7.5). Se nosso jejum não é para Deus, então fracassamos. Benefícios físicos, êxito na oração, dotação de poder, di
Objetivo do Jejum
É sensato reconhecer que a primeira declaração que Jesus fez acerca do jejum tratou da questão de motivos (Mateus 6.16-18). Usar boas coisas para nossos próprios fins é sempre sinal de falsa religião. Quão fácil é tomar algo como o jejum e tentar usá-lo para conseguir que Deus faça o que desejemos. Às vezes se acentuam de tal modo as bênçãos e benefícios do jejum que seríamos tentados a crer que com um pequeno jejum poderíamos ter o mundo, inclusive Deus, comendo de nossas mãos.

O jejum deve sempre concentrar-se em Deus. Deve ser de iniciativa divina e ordenado por Deus. Como a profetisa Ana, precisamos cultuar em jejuns (Lucas 2.37). Todo e qualquer outro propósito deve estar a serviço de Deus. Como no caso daquele grupo apostólico de Antioquia, “servindo ao Senhor” e “jejuando” devem ser ditos de um só fôlego (Atos 13.2). C. H. Spurgeon escreveu: “Nossas temporadas de oração e jejum no Tabernáculo têm sido, na verdade, dias de elevação; nunca a porta do céu esteve mais aberta; nunca nossos corações estiveram mais próximos da Glória central.”

Deus interrogou o povo do tempo de Zacarias: “Quando jejuastes... acaso foi para mim que jejuastes, como efeito para mim?” (Zacarias 7.5). Se nosso jejum não é para Deus, então fracassamos. Benefícios físicos, êxito na oração, dotação de poder, discernimentos espirituais - estas coisas nunca devem tomar o lugar de Deus como centro de nosso jejum. João Wesley declarou: “Primeiro, seja ele [o jejum] feito para o Senhor com nosso olhar fixado unicamente nele. Que nossa intenção aí seja esta, e esta somente, de glorificar a nosso Pai que está no céu...” Esse é o único modo de sermos salvos de amar mais a bênção do que Aquele que abençoa.

Uma vez que o propósito básico esteja firmemente fixo em nossos corações, estamos livres para entender que há, também, propósitos secundários em jejuar.

Mais do que qualquer outra Disciplina, o jejum revela as coisas que nos controlam. Este é um maravilhoso benefício para o verdadeiro discípulo que anseia ser transformado à imagem de Jesus Cristo. Cobrimos com alimento e com outras coisas boas aquilo que está dentro de nós, mas no jejum estas coisas vêm à tona. Se o orgulho nos controla, ele será revelado quase imediatamente. Davi disse: “em jejum está a minha alma” (Salmo 69.10). Ira, amargura, ciúme, discórdia, medo - se estiverem dentro de nós, aflorarão durante o jejum. A princípio racionalizaremos que a ira é devido à fome; depois descobriremos que estamos irados por causa do espírito de ira que há dentro de nós. Podemos regozijar-nos neste conhecimento porque sabemos que a cura está disponível mediante o poder de Cristo.

O jejum ajuda-nos a manter nosso equilíbrio na vida. Quão facilmente começamos a permitir que coisas não essenciais adquiram precedência em nossas vidas. Quão depressa desejamos ardentemente coisas das quais não necessitamos até que sejamos por elas escravizados. Paulo escreveu: “Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas” (1 Coríntios 6.12). Nossos anseios e desejos humanos são como um rio que tende a transbordar; o jejum ajuda a mantê-lo no seu devido leito. “Esmurro o meu corpo, e o reduzo à escravidão”, disse Paulo (1 Coríntios 9.27). Semelhantemente, escreveu Davi:

A Prática do Jejum

Homens e mulheres modernos ignoram, em grande parte, os aspectos práticos do jejum. Os que desejam jejuar precisam familiarizar-se com estas informações.
Como acontece com todas as Disciplinas, deve-se observar certa progressão; é prudente aprender a andar bem antes de tentarmos correr. Comece com um jejum parcial de vinte e quatro horas de duração; muitos têm achado que o melhor período é de almoço a almoço. Isto significa que você não tomaria duas refeições. Sucos de frutas frescas são excelentes. Tente este método uma vez por semana durante algumas semanas. No começo você ficará fascinado com os aspectos físicos, mas a coisa mais importante a observar é a atitude interior de adoração. Exteriormente você estará executando os seus deveres regulares do dia, mas interiormente você estará em oração e adoração, cântico e louvor. Numa forma nova, levará cada tarefa do dia a ser um ministério sagrado ao Senhor.

Cultive uma “suave receptividade aos sopros divinos”. Quebre seu jejum com uma leve refeição de frutas e vegetais frescos e uma boa dose de regozijo íntimo.

Depois de duas ou três semanas, você estará preparado para tentar um jejum normal de vinte e quatro horas. Use somente água, mas em quantidades saudáveis.

Provavelmente você sentirá algumas dores de fome ou desconforto antes de terminar o tempo. Não se trata de fome verdadeira; seu estômago tem sido treinado durante anos de condicionamento a dar sinais de fome em determinadas horas. Em vários aspectos, seu estômago é como uma criança mimada. Martinho Lutero disse: “... a carne estava habituada a resmungar horrivelmente.” Você não deve ceder a este resmungo.

Ignore os sinais ou diga mesmo ao seu “filho mimado” que se acalme e em breve tempo as dores da fome terão passado. Você tem que ser o senhor de seu estômago, e não seu escravo. Se os deveres de família o permitirem, devote à meditação e oração o tempo que você normalmente tomaria em alimentar-se.

Desnecessário é dizer que você deveria seguir o conselho de Jesus em refrear-se de chamar a atenção para o que você está fazendo. Os únicos a saber que você jejua são os que devem sabê-lo. Se você chama a atenção para seu jejum, as pessoas ficarão impressionadas e, como disse Jesus, essa será sua recompensa.

Você, porém, jejua por galardões muito maiores e grandiosos. As palavras abaixo foram escritas por um indivíduo que, a título de experimento, dedicou-se a jejuar uma vez por semana durante dois anos:

“1. Achei que foi uma grande realização passar um dia inteiro sem alimento.
Congratulei-me comigo mesmo pelo fato de achá-lo tão fácil.

2. Comecei a ver que o ponto acima referido dificilmente seria o alvo do jejum.
Nisto fui auxiliado por começar a sentir fome.

3. Comecei a relacionar o jejum de alimento com outras áreas de minha vida nas quais eu era mais exigente... Eu não me via obrigado a conseguir lugar no ônibus para estar contente, ou sentir-me refrescado no verão e aquecido quando fazia frio.

4. ... Refleti mais sobre o sofrimento de Cristo e sobre o sofrimento dos que estão com fome e têm filhinhos famintos. ...

5. Seis meses após principiar a disciplina do jejum, comecei a ver por que fora sugerido um período de dois anos. A experiência muda ao longo do caminho. A fome nos dias de jejum tornou-se aguda, e mais forte a tentação de comer. Pela primeira vez eu estava usando o dia a fim de encontrar a vontade de Deus para minha vida. Comecei a pensar sobre o significado de alguém render sua própria vida.

6. Agora sei que a oração e o jejum estão intimamente ligados, esta forma contudo ainda não está combinada em mim.”
Havendo realizado diversos jejuns com certo grau de êxito espiritual, passe para um jejum de trinta e seis horas: três refeições. Realizado isto, é hora de buscar o Senhor para saber se ele deseja que você prossiga num jejum mais longo. Três a sete dias é um bom período de tempo e provavelmente causará um forte impacto sobre o curso de sua vida.

É bom conhecer o processo pelo qual seu corpo passa no curso de um jejum mais longo. Os primeiros três dias são geralmente os mais difíceis em termos de desconforto físico e dores de fome. O corpo está começando a livrar-se dos venenos tóxicos que se acumularam durante anos de deficientes hábitos alimentares, e o processo não é nada confortável. Essa é a razão de sentir a língua grossa e mau hálito. Não se preocupe com esses sintomas; antes, seja grato por melhor saúde e bem-estar como resultado. Você pode sentir dores de cabeça durante esse tempo, principalmente se você é um ávido bebedor de café ou de chá. Esses são sintomas suaves do jejum que passarão, muito embora sejam desagradáveis por algum tempo.

No quarto dia as dores da fome começam a ceder, embora você tenha sensações de fraqueza e tontura. A tontura é apenas temporária, causada por mudanças súbitas de posição. Movimente-se com vagar e você não terá dificuldade. A fraqueza pode chegar ao ponto em que a mais simples tarefa demande grande esforço. Descansar é o melhor remédio. Muitos acham que este é o mais difícil período do jejum.

No sexto ou sétimo dia você começará a sentir-se mais forte e mais alerta. As dores de fome continuarão a diminuir até que nono ou décimo dia são apenas uma insignificante irritação. O corpo terá eliminado o grosso dos venenos tóxicos e você se sentirá bem. Seu senso de concentração estará aguçado e você achará que poderia continuar jejuando indefinidamente. Em termos físicos, esta é parte mais agradável do jejum.

Em algum ponto a partir do vigésimo-primeiro dia até ao quadragésimo, ou mais tempo ainda, dependendo do indivíduo, as dores de fome voltarão. Esta é a primeira fase da inanição e indica que o corpo esgotou todas as suas reservas excedentes e está começando a sacar sobre o tecido vivo. A esta altura o jejum deve ser quebrado.

A soma de peso perdido durante um jejum varia grandemente com o indivíduo. No começo é normal a perda de quase um quilo de peso por dia, diminuindo para quase meio quilo diário à medida que o jejum prossegue. Durante o jejum você sentirá mais frio, simplesmente porque o metabolismo do corpo não produz a soma costumeira de calor. Cuidando-se de manter o calor, não há dificuldade alguma.

Deve ser óbvio a todos que algumas pessoas há que, por motivos físicos, não devem jejuar. Os diabéticos, as mulheres grávidas e os que têm problemas cardíacos não devem jejuar. Se você tiver alguma dúvida sobre sua aptidão para jejuar, consulte um médico.
Antes de começar um jejum prolongado, alguns são tentados a comer uma boa dose de alimento com o intuito de formar “estoque”. Isto é muitíssimo imprudente; com efeito, refeições ligeiramente mais leves do que o normal são melhores para um dia ou dois anteriores ao jejum. Um bom conselho é que você se abstenha de tomar café ou chá três dias antes de começar um jejum longo. Se a última refeição a estar no estômago é de frutas e vegetais frescos, você não deve ter dificuldade com prisão de ventre.

Um jejum prolongado deve ser quebrado com suco de frutas ou de vegetais. A princípio, tomar pequenas quantidades. Lembre-se de que o estômago se contraiu consideravelmente e todo o sistema digestivo entrou numa espécie de hibernação.

No segundo dia você deve poder comer frutas, e depois leite ou iogurte. A seguir você pode comer saladas frescas e vegetais cozidos. Evite todo molho de salada, gordura ou amido. É preciso tomar o máximo cuidado para não comer em excesso. Uma boa coisa durante este período é considerar a dieta e hábitos alimentares futuros para ver se você precisa ser mais disciplinado e estar no controle de seu apetite.

Embora os aspectos físicos do jejum nos deixem curiosos, jamais devemos esquecer-nos de que a principal obra do jejum bíblico está no reino espiritual.

O que se passa espiritualmente é de muito maior conseqüência do que o que acontece no corpo. Você estará engajado em uma guerra espiritual que necessitará de todas as armas de Efésios 6. Um dos períodos mais críticos no campo espiritual está no final do jejum físico quando temos uma tendência natural para descontrair-nos. Não quero, porém, deixar a impressão de que todo jejum é uma tremenda luta espiritual; pessoalmente, não tenho sentido assim.

O jejum pode trazer avanços no reino espiritual que jamais poderiam ter acontecido de outra maneira. É um recurso da graça e bênção de Deus que não deve ser negligenciado por mais tempo. Wesley declarou:

“... não é meramente pela luz da razão... que o povo de Deus tem sido, em todos os tempos, levado a usar o jejum como um recurso: ... mas eles têm sido... ensinados a esse respeito pelo próprio Deus, mediante claras e abertas revelações de sua Vontade... Ora, quaisquer que tenham sido as razões para reavivar os do passado, em seu zeloso e constante cumprimento deste dever, elas são de igual força ainda para reavivar-nos.”

Agora é o tempo para que todos quantos ouvem a voz de Cristo obedeçam a ela.

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