23 de fev. de 2014

MEDITAÇÃO - Parte 2 - Extraído do Livro CELEBRAÇÃO DA DISCIPLINA de Richard Foster

Preparando-se para Meditar


É impossível aprender, através de um livro, a arte de meditar. Aprendemos a meditar, meditando. Contudo, sugestões simples no tempo certo podem produzir uma imensa diferença.

Se milhares e incontáveis podem tomar vinte minutos duas vezes por dia para recitar um mantra, não deveríamos ter menor dedicação de estabelecer momentos para meditação.

Esta é uma obra para a vida toda. É um trabalho de vinte e quatro horas por dia. A oração contemplativa é um modo de vida. “Orai sem cessar”, exortou Paulo (1 Tessalonicenses 5.17).

É preciso, pois, que cheguemos a ver o quanto é central o todo de nosso dia em preparar-nos para momentos específicos de meditação. Se estivermos constantemente entusiasmados com atividade frenética, não poderemos estar atentos nos instantes de silêncio interior.

Onde posso meditar? Isto será discutido em detalhe ao tratarmos da Disciplina da solitude. Para começar procure um lugar calmo e livre de interrupção. Sem telefone por perto. Se possível, um lugar entre árvores e plantas. De preferencia o mesmo local, um lugar especial.

Que dizer da postura? Em certo sentido a postura não faz diferença alguma; você pode orar em qualquer parte, em qualquer momento, e em qualquer posição. Noutro sentido, porém, a postura é de máxima importância. O corpo, a mente e o espírito são inseparáveis. Tenho realmente visto pessoas passarem todo um culto de adoração mascando chiclete, sem a mais leve consciência da profunda tensão em que se encontram. Não somente a postura exterior reflete o estado interior, como também pode ajudar a nutrir a atitude interior de oração. Se interiormente estamos fragmentados com distrações e ansiedade, uma postura de paz e descontração, conscientemente escolhida, terá a tendência de acalmar nosso turbilhão interior.

Não há “leis” que prescrevam uma postura correta. A Bíblia contém de tudo, desde jazer prostrado no chão até estar em pé, com as mãos e a cabeça erguidas para os céus. O melhor método seria encontrar uma posição com o máximo de conforto e com o mínimo de distração. Ricardo Rolle, preferia estar sentado, “... porque eu sabia que eu... permaneceria mais tempo... do que andando, ou em pé, ou ajoelhado.

Porque sentado estou muitíssimo à vontade, e meu coração muitíssimo elevado”.
Concordo perfeitamente, e acho melhor sentar-me numa cadeira, com as costas corretamente posicionadas na cadeira e ambos os pés apoiados no chão. Sentar-se com o corpo curvado indica desatenção e o cruzar das pernas restringe a circulação do sangue. Coloque as mãos sobre os joelhos, com as palmas voltadas para cima, num gesto de receptividade. Às vezes é bom fechar os olhos a fim de afastar as distrações e concentrar a atenção no Cristo vivo. Outras vezes é útil ponderar sobre um quadro do Senhor ou olhar lá fora as lindas árvores e plantas com a mesma finalidade.


Como Meditar – Primeiros Passos

Devemos, simplesmente, convencer-nos da importância de pensar e experimentar por meio de imagens mentais. Quando crianças, isto nos vinha tão espontaneamente, mas agora, durante anos temos sido treinados a deixar de lado a imaginação, e até mesmo a temê-la. Em sua autobiografia, C. G. Jung descreve quão difícil lhe foi humilhar-se e uma vez mais jogar os jogos de imaginação de uma criança, e fala do valor dessa experiência. Assim como as crianças precisam aprender a pensar com lógica, os adultos necessitam redescobrir a realidade mágica da imaginação.

Inácio de Loyola em sua obra Exercícios Espirituais constantemente incentivava seus leitores a visualizar as histórias do Evangelho. Todo exercício de contemplação que ele deu destinava-se a abrir a imaginação. É bom começar o aprendizado da meditação com os sonhos, uma vez que isto envolve pouco mais do que prestar atenção a algo que já estamos fazendo.
Durante quinze séculos os cristãos, em esmagadora maioria, consideraram os sonhos como um meio natural pelo qual o mundo do espírito irrompia em nossas vidas. Kelsey, autor de Dreams observa: “... todos os grandes Pais da igreja primitiva, de Justino Mártir a Cipriano, criam que os sonhos eram um meio de revelação.”

O racionalismo da Renascença e Freud viam os sonhos de forma negativa (Porem ele trabalhou praticamente somente com doentes mentais).
Porém se atentarmos bem, os sonhos podem ajudar-nos a encontrar mais maturidade e saúde.

Se estivermos convencidos de que os sonhos podem ser uma chave que abre a porta do mundo interior, podemos fazer três coisas práticas. Em primeiro lugar, podemos orar especificamente, pedindo a Deus que nos informe através de nossos sonhos. 

Devemos dizer-lhe de nossa disposição de permitir que ele nos fale deste modo. Ao mesmo tempo, é prudente orar pedindo proteção, uma vez que o abrir-nos à influência espiritual pode ser perigoso assim como proveitoso.

Simplesmente pedimos a Deus que nos cerque com a luz de sua proteção à medida que ele assiste nosso espírito.

Em segundo lugar, deveríamos começar a registrar nossos sonhos. As pessoas não se lembram dos seus sonhos porque não lhes prestam atenção. Manter um diário de nossos sonhos é uma forma de levá-los a sério. É, naturalmente, tolice considerar todo sonho como profundamente significativo ou como alguma revelação de Deus. 

Maior tolice ainda é considerar os sonhos como apenas caóticos e irracionais. No registro dos sonhos começam a surgir certos padrões e discernimentos. Em pouco tempo é-nos fácil distinguir entre sonhos significativos e os que resultam de ter visto o último espetáculo da noite anterior.
Isto conduz à terceira consideração - como interpretar os sonhos. O melhor meio de descobrir o significado dos sonhos é pedir. “Nada tendes, porque não pedis” (Tiago 4.2). Podemos confiar que Deus trará discernimento quando for necessário.
Resumo: Celebração da Disciplina/ Meditação parte 2.

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